A questão da moradia na cidade de São Paulo é uma demanda histórica, como demonstram os dados apresentados neste trabalho. Isso quer dizer que um único projeto é incapaz de sanar o problema.
O projeto reconhece essa complexidade e propõe como contribuição um olhar focado em trajetórias humanas. A partir da temática central, há uma série de recortes: a cidade de São Paulo, o Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC) e as cinco personagens ouvidas.
As histórias apresentadas são apenas uma parcela dessa realidade complexa e multifatorial. Há outros lados.
Como trabalho jornalístico, porém, o objetivo foi se manter o mais fiel possível ao relato do real, utilizando para isso ferramentas de apuração fundamentais: entrevistas, testemunho em primeira pessoa, pesquisa em documentos e checagem de informações – o direito ao contraditório foi condição inegociável.
Quando abri os olhos para este tema, após escrever uma matéria para a graduação há dois anos, o que me instigou foi investigar como o endereço é estruturante na vida de uma pessoa. Na época, entrevistei uma mestranda da Universidade de São Paulo (USP) que havia pesquisado sobre a saúde mental de moradores de ocupação.
Hoje, analisando o resultado com um certo distanciamento, talvez se note um certo tom redentor na maneira como o MSTC transformou a vida de Amanda, Carmen, Irene, Felipe e Sheila, mas é importante destacar que as histórias não foram escolhidas para fundamentar tese alguma.
Os moradores foram conhecidos em diferentes visitas à ocupação 9 de Julho. No final, as entrevistas culminaram em perspectivas relativamente otimistas quanto ao movimento.
Por último, destaca-se que a digitalização de todo o conteúdo apurado se tornou possível com o desenvolvimento deste site pela gentil colaboração de Belmiro Carvalho.